21 de jan. de 2009

Mas o show tem que continuar...e muita gente ainda pode faturar...


É proibido proibir!!!

Sim...vivemos em um país democrático...mas muitas vezes, na verdade, na maioria das vezes, as críticas são muito mal recebidas e geram conseqüências não muito favoráveis aos autores das mesmas... E não seria diferente com as Escolas de samba e seus carnavalescos. Nem todos possuem a genialidade criativa trabalhando em função de um discurso já consagrado e aprovado, como no já citado, noutro post, caso do Cristo-mendigo da Beija-Flor.

Muita gente já foi prejudicada por seu discurso ácido, irônico...

Bem, não confundamos ironia com humor...houve diversos desfiles pra lá de bem-humorados, leves, brincalhões... Mas adotar um discurso crítico é outra coisa... Algumas escolas marcaram época com essa característica...chegaram a construir uma identidade...pena que se perderam, não conseguindo manter o ‘nariz empinado’. Tudo bem que o período mais fértil nesse viés foi de meados dos anos 70 e anos 80. Coincidentemente enfraquecimento e fim da ditadura e redemocratização. Hoje em dia, com carnavais vendidos a poderosos patrocinadores, este tipo de enredo não tem mais lugar. Imaginem só!... Se uma cervejaria patrocina um desfile, como a escola pode ‘brincar’ com a droga-álcool?...claro que falará d famoso ‘se beber não dirija’...mas isso é pensamento crítico ou reprodução do discurso oficial?...Essas críticas que vemos hoje são realmente válidas ou são aqueles lugares-comum de todo dia?...

Mas voltemos... Império Serrano, Caprichosos de Pilares e São Clemente... algumas obras primas de crítica desfilaram sob suas bandeiras... Mas há uma gigante na arte do enredo crítico... as outras até o fazem ou fizeram, mas não a ponto de construir e marcar a identidade de uma agremiação como no caso da São Clemente. Lembremos alguns sambas...

“Pequenino, triste feito um cão sem dono,
Tão cansado de viver e sofrer
Por aí perambulando
Não teve sorte
Seu berço não foi de ouro,
Seu pai não teve tesouro
É triste sua vida a vagar


-seu moço, dê-me um trocado!
Eu quero comer um pão!
Sou menor abandonado
Neste mundo de ilusão”
(1987)

“A cobra vai fumar
De além mar, ao mar de lama
Gostoso é pecar, se lambuzar no mel da cana
Índias que não estão no mapa
Na boquinha da garrafa, cheias de amor prá dar
O tal batavo começou avacalhar
E como brasileiro gosta de uma obra
Nassau fez até de sobra
Mascarando o leão, do norte lugarejo sem saúde
Onde a maior virtude era viver de armação
Macunaíma, anti herói idolatrado
Aqui tudo foi tramado, pra virar esculhambação”
(2004)

“Nasci com a nobreza
Na pobreza me criei
Andei, andei (mais eu andei)
E aqui cheguei
Hoje mostro na avenida
Quem foge, nesta vida, de aluguel
Trago chave de cadeia
E os prazeres de motel
Quem casa, quer casa!
Eu não tenho onde morar
Vou viver como índio,
Até melhorar”
(1985)


E MEU HINO NESTE SENTIDO É...1986!!!
Se vc chegou até aqui...por favor...leia com atenção...desta vez a composição cmpleta!


Desperta, brasil,
Desse coma entre vorazes tubarões
Vindos por terra ou por mares,
Poluindo nossos ares, explorando nosso chão,
Impondo ordens em receitas estrangeiras,
No acoito das saúvas brasileiras,
De norte a sul, brasilinvest, por aí,
E outros males como o fmi
Mate a saúva antes dela te matar!
O peso é muito para um morto carregar
Pouca saúde e pouca grana pra gastar:
- oh, seu ministro, onde a coisa vai parar?
Oh, que tristeza, a realidade brasileira!
A malária, que era só do norte,
No sudeste chegou forte, correu a nação inteira
O arlequim ficou biruta e ri a toa
Da colombina, tão bonita e tão sacana,
Dona de um banco de sangue tão bacana,
Que deixou o pierrot descascando uma banana

Fila pra cá, briga pra lá,
Pra marcar a hora certa do defunto desfilar!

Mas que saudade
Dos tempos ídos que não voltam mais
Vovó, quando doente, era curada
Com elixir, biotônico e outros chás
Jeca tatu, tão doente e explorado
Espera a salvação chegar,
Mas a diligência da saúde
Vem puxada por saúvas,
Que a nova república deu fim . . . no delfim

Ai de mim
É aids sim!
Paetês e silicones desfilando por ai
E os meus direitos humanos
A são clemente cobra na sapucaí


Sem mais...
Até a próxima, Juninho!

Um comentário:

  1. A SAO CLEMENTE VEM AI, ÊÊÊ, quem chorava vai sorrir, ÊÊ À, não adianta jogar água, que a poeira vai subir, se quiser sacudir, deixa a tristeza para la, vamos meu povo, simbora vamos sambar.
    Canta meu povo, vamos cantar, canta meu povo, a São Clemente vai passar. ( bis )

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