29 de jun. de 2009

Enfim...a Ilha!


Até que enfim a União de Ilha voltou ao Grupo Especial...

Depois de marcar época e sua identidade como a escola alegre, brincalhona, de enredos leves, a Ilha caiu meio que num lugar comum...

Se tivesse sido campeã naqueles desfiles (Domingo; Bom bonito e barato; O amanhã etc...) será que o carnaval seria diferente hoje? Acho que sim...

Mas enfim...depois de passear por enredos divertidos, no fim dos anos 80, início dos 90, a agremiação voltou a flertar com o título. Sonhar com Rei dá João...Festa profana...Abracadabra...

Tenho algumas memórias de desfiles desta escola...de sambas desta escola...

Me lembro bem de um samba que diz assim...

VOVÓ SEMPRE DIZIA
OLHA MENINO LEIA O BE-A-BÁ
NA GRANDE CARTILHA DESSA VIDA
PROCURE APRENDER O DITO POPULAR...

eu em minha piscina tone, escutando meu LP das escolas de samba, cantando esse samba que eu adorava...aqueles clássicos da Ilha só conheci mais tarde...esse foi meu primeiro samba da Ilha...

E o que foi DE BAR EM BAR, DIDI UM POETA?...Acho que é meu predileto desta agremiação...Que delícia também foi a AQUARILHA DO BRASIL...rsrs...

Mas foi com FESTA PROFANA que conheci a Marquês de Sapucaí...Bom começo, não é mesmo? ME lembro claramente do delírio que foi esse samba...a arquibancada pegando fogo...eu me acabando...aqueles versos mágicos:

EU VOU TOMAR UM PORRE DE FELICIDADE
VOU SACUDIR, EU VOU ZUAR TODA CIDADE...

Tenho boas lembranças da passagem de dois carnavalescos pela Ilha: Chico Espinoza e Milton Cunha (eu adoro!). Chico deixou pra memória um enredo lindo...A VIAGEM DA PINTADA ENCANTADA...pena que o desfile não deu certo pq a comissão de frente tinha um ritmo tão lento que atrapalhou todo o resto...TODO DIA É DIA DE ÍNDIO...adorei!...brasilidade e tropicalismo com extremo bom gosto!

Com Milton voltei à Sapucaí...FATUMBI estava demais de lindo...desfilei de Xangô...BARBOSA LIMA SOBRINHO...no cangaço...dois sambões!...a baterilha dando o show de sempre...

Mas veio a queda... E nesses anos de Acesso, algumas pérolas! Infelizmente não conhecidas do grande público...Aquele desfile sobre MARIA CLARA MACHADO foi deslumbrante....digno de Grupo Especial...uma unanimidade...mas não subiu!...Depois teve NAS MINHAS DO REI SÃO JOÃO...outro primor...e nada...Veio então o enredo dobre o bondinho do corcovado...com um refrão de chorar!...se não me falha a memória...puro encantamento...

NO ALTO DAQUELA COLINA
TEM UMA LUZ, UMA IMAGEM DIVINA
QUE NOS ENSINA O QUE É PAZ E AMOR
E ILUMINA A ILHA DO GOVERNADOR

MAs só em 2009 a escola saiu do castigo do Acesso, voltando ao Especial, com um enredo sobre viagens...Não achei justo o título...citei acima três carnavais que julgo infinitamente superiores a este vencedor...mas de qualquer forma, já era mais que hora de termos esta fantástica agremiação entre as grandes do carnaval carioca...(foto do último carro deste desfile)

"VIAJAR É PRECISO - VIAGENS EXTRAORDINÁRIAS ATRAVÉS DE MUNDOS CONHECIDOS E DESCONHECIDOS"

Vou viajar!
Não tem distância que vá me segurar
Eu vou chegar a qualquer lugar
Com Julio Verne você pode imaginar...

Sou essa máquina engrenada na folia
Vou levando alegria pro mundo inteiro
Da Terra eu vou pro céu
Do céu eu vou pro mar
Num delírio aventureiro!

Além do infinito eu vou desvendar
O centro da Terra, o fundo do mar
Na grande floresta do Imperador
O desconhecido me encantou

O Brasil se ligou na sua história
De um livro de sonhos às asas da glória
O brasileiro inspirado por ti
Voando, conquista Paris
Tocando o céu, bem no alto iluminado
No Corcovado recebe feliz!
De braços abertos, o meu Redentor
Vai abençoando, você que chegou
A mãe natureza, se sente orgulhosa
Cidade maravilhosa!

É nessa que eu vou embarcar
É preciso sonhar...
Chegou a Ilha!
De azul, vermelho e branco
Pintei meu Carnaval
Do meu Rio sou cartão postal


Sorte pra Ilha!
na torcida!!!

Afinal...Pra quem não sabe...se meu coração é imperiano...tem um pedacinho dele insulano!

26 de mai. de 2009

Carnavalização e poesia já!


De uns anos pra cá, tenho percebido a tendência de historicizar os enredos, dentro de um padrão pré-formatado: os povos primitivos de tal cidade - origem do nome da cidade - o desenvolvimento da cidade - cultura da cidade - etc - etc...quem não viu isso passar na avenida várias vezes nos últimos anos? Nada contra enredos patrocinados, mas um pouco de criatividade na construção da narrativa (que é o desfile originado numa sinopse) não faria mal a ninguém...

Sinto falta de enredos carnavalizados, brincalhões, bem-humorados...os desfiles estão formatados demais...

Sou um amante da folia que tem uma memória afetiva muito larga em relação aos dias de Momo. Desde criança, sempre brinquei carnaval na rua e essa coisa quadrada me deixa insatisfeito. Até os sambas andam padronizados! Por onde anda o lirismo, o aspecto lúdico das composições... Fazer samba parece receita de bolo...muitos se parecem!...As escolas perderam suas marcas identitárias...

Incentivado por um amigo, um novo e grande amigo, também amante de carnaval, comecei a me embrenhar pelo universo das escolas de samba. E tenho visto e ouvido coisas que muitas vezes me entristecem. Acho que, por isso, esse blog não terá fim: será meu grito, meu brado...sobre meus sustos de terror e de prazer...

Esse mesmo amigo, certo dia, me telefonou e pensou em uma ideia em principio despretenciosa, mas muito bacana exatamente por me projetar em um horizonte carnavalizado... Da ideia nasceu uma crônica, um texto escrito por mim, mas inspirado por ele... Infelizmente nosso texto ganhou caminhos tortuosos, mas antes que ele se perdesse de vez, resolvi torna-lo público para que outras pessoas entendam o que eu chamo de carnavalização.

Explicando o texto: a crônica é um imenso delírio carnavalesco que traz à tona cenas, sons, imagens, situações que os amantes da folia identificarão com facilidade. Tem um quê de poesia, sim! (será pretensão minha achar isso?)...mas certamente, e nos orgulhamos disso, te muito de carnaval; da lama do carnaval carioca...

Vamos ao texto?

E TEM BATALHA DE CONFETES NO OÁSIS DE ALALAÔ!

Alalaô, um árabe em caravana pelo deserto, sofrendo dias a fio com sede, fome e calor, se vê em desespero e brada aos céus:

Mas que calor,
Atravessamos o deserto do Saara

O sol estava quente

Queimou a nossa cara.

Viemos do Egito

E muitas vezes

Nós tivemos que rezar

Allah! Allah! Allah, meu bom Allah!

E de repente, não mais que de repente enxerga ao longe uma ave. Um vôo acrobático e muito mais veloz que o comum começaram a chamar a atenção. Era um falcão! – observou – ...ave que...Allah!...prefere ambientes florestais!...Devia haver água e comida por onde ela sobrevoava.
Recém saído de uma tempestade de areia, Alalaô chega ao seu oásis. Quanta água!...Um mergulho para aliviar o calor. Ao reerguer a cabeça, saindo d’água, se surpreende com o universo ao seu redor: duas grandes montanhas ligadas por um bonde. E mais ao fundo, bem alta e iluminada pelo sol, uma linda estátua de braços abertos.
Em seu delírio, Alalaô se vê num lugar diferente, e começa a ouvir, vindo de longe, alguns sons batucantes. Olhando para trás, vê um grupo de pessoas se aproximando, cantando e dançando. Que confusão é aquela? – pensou.
Quando chegaram mais perto, pôde ver melhor...homens vestidos de mulher, piratas e ciganos. Todos juntos cantavam umas músicas muito animadas e engraçadas: uma falava de um tal de Zezé com sua cabeleira; outra música falava de uma Maria de pé grande. Tinha uma tal de Chiquita que se vestia com uma banana e também uma jardineira que gritavam ser linda...
Foram se afastando ao pouco...mas do outro lado ia se aproximando outro grupo! Uns palhaços de máscara negra acenavam com bandeiras brancas e meninas de saias floridas cantavam pedindo dinheiro...curioso...mas quem daria se todos pediam? Falavam de uma tal Colombina que deixara um Pierrô chorando e de uma socialite que não era confiável, mas que, taí, fazia de tudo para gostarem dela, pois queria um coração.
Inebriado por este mundo maravilhoso, cheio de encantos mil, Alalaô não resiste e decide se entregar a esta festa sem limites. E em sua andança por este universo, conhece um Rei fofinho – que acabara de chegar em um carro aberto, cheio de gente feliz – e muito simpático que explicou que aquilo tudo era sua corte em festa. E promoveu um grande baile onde Alalaô encontrou árabes, romanos, egípcios, gregos.... estavam todos lá, bailando ao som das Pastorinhas ritmadas pelo bumbo de um bigodudo. Se encantou com aqueles índios em preto e branco, com aquelas pessoas em peles de onça e com uns ótimos boêmios que vinham sabe-se lá de onde e deram de beber. Mas não era água não!... Uma alegria sem fim. Bebês chegaram, brincando com padres e freiras, cantando que quem não chora não mama. Umas mulheres cheias de balangandãs e enfeitadas com rosas douradas se juntavam numa grande festa com fitas e pedaços de papel que uns atiravam nos outros. Sempre pedindo que abrissem alas: queriam passar!
Pessoas de roupas brancas com bolas pretas se misturavam com lindas lourinhas cheias de encantos mil...Allah!...Adultos gritavam pela mamãe querendo chupeta; cantavam também uma linda morena, mas a mulata é que era a tal, com um cabelo que não negava sua cor...
Índios queriam apitos, para quê, nosso Alalaô não entendia... A turma do Funil chegava sassaricando com o Pierrot apaixonado que só cantava: Yes, nós temos bananas.
A esta altura, sem nada entender, Alalaô olha para o céu...já é noite. Uma luz! Era a estrela Dalva, que no céu desponta ... E iluminados por essa luz, com um som muito forte, chegam caminhões cantando umas músicas que animavam as pessoas vestidas de qualquer jeito...umas enfeitadas, outras não...umas fantasiadas, outras não...uma mistura de gente que se acabava de dançar. Uma música falava de um barco que trouxe alguém do Norte. Uma outra propunha um porre de felicidade!...Falavam do hoje, do amanhã...Gostei muito daquele que perguntava: Quem é você?...você que vem de lá... Cantavam um dono da terra e logo depois um carnaval nas estrelas...Que loucura! Tinha também uma fantasia que não se libertava de ratos e urubus e uma gente que insistia em rogar que a liberdade abrisse suas asas...Tinha uma fruta que chupavam até o caroço...e contos que vinham da areia. Eram caminhões...cada um com seu grupo de pessoas felizes em volta...tinha uma coisa de Simpatia, uma Banda, uns Escravos e o Suvaco de...Allah!...que blasfêmia...não vou nem citar! Todos com grupos de foliões com fantasias improvisadas, ou mesmo de roupa comum, que, reunidos, desfilavam pelas ruas da cidade, cantando e sambando. E olha só...o rei fofinho no meio do povo...se esbaldando quando chegou mais um monte de gente comandado por uns músicos... E o Rei me explicou que este tocava uma mistura de samba, batucada, marchinas, coco, funk e charm, com um grande número de batuqueiros. Bloco!...era isso...não...quase isso...algumacoisabloco...não consigo ver o nome com clareza...
E de repente eles começam a cantar uma canção...

Viemos do Egito

E muitas vezes

Nós tivemos que rezar

Allah! allah! allah, meu bom allah!

Mande água pra ioiô

Mande água pra iaiá

Allah! meu bom allah...

Allah!...meu bom Allah...Allah...uma vertigem...a visão ficando turva...escuridão!
Alalaô acorda, olha em volta... e aquele mundo se desfez... Monta em seu camelo segue sua viagem... Anda um pouco e olha para trás na esperança de que aquele mundo lá estivesse, real!...nada encontrara. Fantasia...febre...delírios...Mas tudo estava muito vivo em seus pensamentos...
A esta altura, o cansaço é arrebatador, faz-se necessário o descanso...Sob o céu enluarado decide dormir um pouco... O calor é grande por isso decide tirar sua roupa. Olhou para a fora da tenda. Pensou ter visto mascarados e pessoas com roupas coloridas... bumbum paticumbum prugurundum, escutou ao longe...Foi então que notou uma coisa estranha...por baixo de tudo uma camiseta que não estava lá no início de tudo!...E nela a inscrição: Eu amo o carnaval carioca!

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Duas fontes foram úteis na pesquisa que gerou o texto:

PIMENTEL, João. Blocos: uma história informal do carnaval de rua. Rio de Janeiro: Relume Dumará/Prefeitura, 2002.

http://www.samba-choro.com.br/noticias/arquivo/8172 (acesso em 23 de março de 2009)

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Obrigado, Dindo, pela generosidade!
Obrigado, Anderson, pelo carinho e pela força...E PELO SAMBA!!!!

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Bjos a todos, até o próximo!

15 de abr. de 2009

A mídia me fez assim...


Ser ou não ser um gênio...eis a questão..
João trinta verticalizou os desfiles das escolas de samba com a sua Beija Flor dos anos 70/80. Uma inovação que marcou em absoluto a estética dos desfiles. Criou sem limites...enredos, fantasias, alegorias apinhadas de gente.
Uma personalidade muito controversa que gerou muitos debates...
Mas que construiu desfiles geniais que marcaram época.
Sua ausência no sambódromo ainda deixa uma lacuna não ocupada.
Não que não existissem outros grandes criadores na festa de Momo...Lage, Rosa, Max...três grandes nomes que seguem suas produções de grande qualidade estética e narrativa.
Mas ousar como João na busca de novas soluções, raramente...
João era um cientista do samba carioca. Criava, inventava, errava por vezes, acertava por outras...Muito do que se vê hoje deve-se a ele...
Mas o tempo passa...
E a obra fica...
Hoje há outro nome que gera muitas discussões: Paulo Barros.
Uma pessoa que apareceu com seus carros coreografados que acabaram se tornando quase que uma regra em termos de desfile. Muito ele critica da mesmice (segundo ele) dos desfiles de escolas de samba e se louva de suas inovações...
E é aí que entram as críticas...
Muitas coreografias em nada se relacionam com o enredo!...E mais...a mesmice que ele critica parece já ter se abatido sobre o próprio Barros. Ou alguém duvide de que encontraremos em 2010, na Tijuca (sua nova-velha escola), carros sendo desmontados e montados pelos componentes?... E carros com gente entrando e saindo??...Sua ‘genialidade’ vem se repetindo desde seu primeiro trabalho na própria Tijuca.
Não sei se considero Barros um gênio...Acho ele muito criativo, sim!... Mas gênio?...Sei lá...me parece mais um produto da mídia para vender o produto escolas de samba...
Mas sabe o pior de tudo?
Ele acredita!

OBS: só não odemos esquecer de que as teatralizações em carros e alas começaram na Beija-flor dos fins dos anos 80...e na comissão de frente na Imperatriz com Fábiod e Melo e Rosa Magalhãs...bem antes de Paulo ‘existir’.

Até a próxima!

21 de jan. de 2009

Mas o show tem que continuar...e muita gente ainda pode faturar...


É proibido proibir!!!

Sim...vivemos em um país democrático...mas muitas vezes, na verdade, na maioria das vezes, as críticas são muito mal recebidas e geram conseqüências não muito favoráveis aos autores das mesmas... E não seria diferente com as Escolas de samba e seus carnavalescos. Nem todos possuem a genialidade criativa trabalhando em função de um discurso já consagrado e aprovado, como no já citado, noutro post, caso do Cristo-mendigo da Beija-Flor.

Muita gente já foi prejudicada por seu discurso ácido, irônico...

Bem, não confundamos ironia com humor...houve diversos desfiles pra lá de bem-humorados, leves, brincalhões... Mas adotar um discurso crítico é outra coisa... Algumas escolas marcaram época com essa característica...chegaram a construir uma identidade...pena que se perderam, não conseguindo manter o ‘nariz empinado’. Tudo bem que o período mais fértil nesse viés foi de meados dos anos 70 e anos 80. Coincidentemente enfraquecimento e fim da ditadura e redemocratização. Hoje em dia, com carnavais vendidos a poderosos patrocinadores, este tipo de enredo não tem mais lugar. Imaginem só!... Se uma cervejaria patrocina um desfile, como a escola pode ‘brincar’ com a droga-álcool?...claro que falará d famoso ‘se beber não dirija’...mas isso é pensamento crítico ou reprodução do discurso oficial?...Essas críticas que vemos hoje são realmente válidas ou são aqueles lugares-comum de todo dia?...

Mas voltemos... Império Serrano, Caprichosos de Pilares e São Clemente... algumas obras primas de crítica desfilaram sob suas bandeiras... Mas há uma gigante na arte do enredo crítico... as outras até o fazem ou fizeram, mas não a ponto de construir e marcar a identidade de uma agremiação como no caso da São Clemente. Lembremos alguns sambas...

“Pequenino, triste feito um cão sem dono,
Tão cansado de viver e sofrer
Por aí perambulando
Não teve sorte
Seu berço não foi de ouro,
Seu pai não teve tesouro
É triste sua vida a vagar


-seu moço, dê-me um trocado!
Eu quero comer um pão!
Sou menor abandonado
Neste mundo de ilusão”
(1987)

“A cobra vai fumar
De além mar, ao mar de lama
Gostoso é pecar, se lambuzar no mel da cana
Índias que não estão no mapa
Na boquinha da garrafa, cheias de amor prá dar
O tal batavo começou avacalhar
E como brasileiro gosta de uma obra
Nassau fez até de sobra
Mascarando o leão, do norte lugarejo sem saúde
Onde a maior virtude era viver de armação
Macunaíma, anti herói idolatrado
Aqui tudo foi tramado, pra virar esculhambação”
(2004)

“Nasci com a nobreza
Na pobreza me criei
Andei, andei (mais eu andei)
E aqui cheguei
Hoje mostro na avenida
Quem foge, nesta vida, de aluguel
Trago chave de cadeia
E os prazeres de motel
Quem casa, quer casa!
Eu não tenho onde morar
Vou viver como índio,
Até melhorar”
(1985)


E MEU HINO NESTE SENTIDO É...1986!!!
Se vc chegou até aqui...por favor...leia com atenção...desta vez a composição cmpleta!


Desperta, brasil,
Desse coma entre vorazes tubarões
Vindos por terra ou por mares,
Poluindo nossos ares, explorando nosso chão,
Impondo ordens em receitas estrangeiras,
No acoito das saúvas brasileiras,
De norte a sul, brasilinvest, por aí,
E outros males como o fmi
Mate a saúva antes dela te matar!
O peso é muito para um morto carregar
Pouca saúde e pouca grana pra gastar:
- oh, seu ministro, onde a coisa vai parar?
Oh, que tristeza, a realidade brasileira!
A malária, que era só do norte,
No sudeste chegou forte, correu a nação inteira
O arlequim ficou biruta e ri a toa
Da colombina, tão bonita e tão sacana,
Dona de um banco de sangue tão bacana,
Que deixou o pierrot descascando uma banana

Fila pra cá, briga pra lá,
Pra marcar a hora certa do defunto desfilar!

Mas que saudade
Dos tempos ídos que não voltam mais
Vovó, quando doente, era curada
Com elixir, biotônico e outros chás
Jeca tatu, tão doente e explorado
Espera a salvação chegar,
Mas a diligência da saúde
Vem puxada por saúvas,
Que a nova república deu fim . . . no delfim

Ai de mim
É aids sim!
Paetês e silicones desfilando por ai
E os meus direitos humanos
A são clemente cobra na sapucaí


Sem mais...
Até a próxima, Juninho!

20 de jan. de 2009

A majestade do samba...


Madureira...ê bairro de bambas!...Acho que só a Tijuca pode fazer frente... Mas agora me deterei na escola de Natal, Paulo da Portela, Clara Nunes, Paulinho da Viola, Surica, Dodô, Marçal, Monarco e tantos outros... Muita gente boa que sempre produziu e segue produzindo sambões.

Portela...o mar azul... Sempre que pisa a passarela as adversárias temem. Temem seu luxo, temem a imponência da águia, temem a bateria sempre correta, temem o brio dos componentes.

Já assisti muitos desfiles realmente bonitos da Águia de Madureira. Mas vou destacar apenas um poucos. Mas você, meu companheiro de blog, sabe que conto com minha memória...e isso pode levar a algumas imprecisões. Fazer o quê, não é mesmo?

CONTOS DE AREIA – além de um samba clássico, me lembro claramente da abertura com aqueles barquinhos e a águia. Clara Nunes linda, como sempre, usando uma tiara que emoldurava seu sorriso.

TODO AZUL QUE O AZUL TEM – esse foi, de verdade um desfile que me lembrou o famoso samba do Paulinho...foi um rio que passou na minha vida...um rio azul...lindo!

OS OLHOS DA NOITE – tirando a águia mais feia que já vi...o desfile foi muito bom!...embalado por um samba de primeiríssima! Me lembro bem do setor inicial com a lua e as magias que a envolvem...e também da noite e seu mundo de boemia e prostituição.

LENDAS E MISTÉRIOS DA AMAZÔNIA – essa reedição foi demais!...a Portela estava deslumbrante e foi muito injustiçada na apuração ficando apenas em sétimo lugar. Uma pena, fazia tempos não via a escola tão linda e empolgada... embalada por um sambaço!

Por fim, não posso ficar sem citar um vice-campeonato que, sinceramente, merecia o título. GOSTO QUE ME ENROSCO foi o desfile mais perfeito que já vi ser feito pela escola de Madureira...lindo samba, Rixxa inspiradíssimo no carro de som, alegorias deslumbrantes, fantasias idem, harmonia perfeita, evolução contagiante. Fora uma agia chiquééérrima e mascarada! (foto) Este ano, 1995, a Portela merecia usar a faixa de campeã. Mas não sozinha...empatada com a Imperatriz que, com seus jegues, encantaram a Sapucaí.

Este ano (2009) a escola está muito bem servida de samba e com um enredo interessante. Fora que no ensaio técnico vivenciei uma bateria fantástica! Vamos ver na hora do desfile se a Portela consegue lutar pelo título, que não conquista desde 1984.

SÃO VINTE E UMA ESTRELAS QUE BRILHAM NO SEU OLHAR...

Até a próxima,

Juninho.

13 de jan. de 2009

Sim!...Ela faz samba também!!!


O enredo deste ano (2009) da Imperatriz Leopoldinense, na minha modestíssima opinião, já é um enredo campeão. Bem criado e com uma sinopse pra lá de bem escrita, resultou num grande samba (mesmo que mal gravado é bom!) que empurrará a escola de Ramos, certamente, para as primeiras colocações ápós a apuração da quarta-feira de cinzas.


Minha memória tem algumas marcas leopoldinenses...


LAMARTINE BABO...só dá Lalá (1981-O teu cabelo não nega)...me lembro claramente de uma alegoria com letras desenhadas e gordas...tons de azul e rosa...o sol brilhando...fora que acho esse samba-enredo um luxo! CAMPEÃ...


LIBERDADE, LIBERDADE...(1989)...tudo bem que era para a escola desfilar no grupo 1B (atual acesso) e uma manobra daquelas comuns até hoje, segurou a escola no primeiro grupo...GRAÇAS!...assim pudemos ver um desfile lindo, requintado, histórico...fora o samba que até hoje é cantado por aí... E aquele carro que era uma 'pirâmide' de cavalos... com um ser pendurado em duas patas no alto...foi um susto! CAMPEÃ...


BANANA...(1993 - O que que a banana tem?)...bom humor e tropicalismo na medida...aquela coroa (símbolo da escola) toda em bananas foi fantástica!.... Fora que devo confessar minha predileção pelos sambas cantados pelo Preto Jóia na escola, como este, por exemplo.


MON AMOUR C'EST SI BEAU!...Os leques da comissão de frente do enredo 'Catarina de Médicis' (1994) e todo aquele luxo renascentista do início da escola...esse é dos meus desfiles prediletos de todos que me lembro...e o samba é tãão bom de dançar e ouvir...até hoje gosto dele... CAMPEÃ...


O JEGUE ESCONDIDO NA HISTÓRIA...conquistou meu coração em 1995...TUDO fantástico...e o samba, nem me fale...as cores suaves, as fitas que perpassavam toda a escola...um enredo de rara beleza e brasilidade... CAMPEÃ...


BREAZAIL (2004)...o que era aquela comissão de frente de bruxas????...e que desfile fantástico!!!!...não rendeu título...mas foi brilhante... (por isso coloquei na foto a abertura deste desfile...rsrsrs)


A TURMA DO SÍTIO APRONTA!!! (2005) - foi uma fetsa de cor, leveza, alegria...personagens infantis desfilando na sapucaí...foi um desfile lindo! Pena ter sido atrapalhado pelo problema da velha guarda da Portela...)...E eu estava lá!, com minha fantasia de Duende do gelo...


Certamente outros terão outras lembranças...gornades momentos da Imperatriz Leopoldinense...

Estes são meus...agora nossos...Por isso este blog.


ah!...E será que alguém duvida que a escola de Ramos faz samba também???


Até a próxima!

18 de dez. de 2008

Olhai por nós!


A rainha da Passarela do Samba: Beija Flor de Nilópolis... A grande Campeã do sambódromo...indiscutivelmente brilhante! Muitos títulos incontestáveis, alguns contestáveis... Muitos vices que deveriam ser títulos... Enfim, uma escola que é um diferencial de qualidade. Componentes imbuídos de seu dever, fantasias de requinte que beira o exagero, alegorias de um acabamento primoroso... Elementos que transformaram essa escola se samba em um marco dos anos de sambódromo. Grandes nomes marcaram presença: Joãozinho Trinta, Maria Augusta, Milton Cunha e agora uma comissão de carnaval sob a batuta e o apito de Laíla. Dentre tantos êxitos da escola de Nilópolis, optei por destacar um vice-campeonato...rsrsrss


Não é ironia, não!...é pela genialidade criadora.


A foto deste 'post' já é reveladora e diz mais do que eu, com minhas palavras, posso dizer...


Na verdade, creio que a proibição da imagem de um Cristo esfarrapado, Mendigo, cercado de mendigos acabou por enriquecer ainda mais o discurso.


Observem a foto e tirem suas conclusões.


Só queria também destacar alguns utros carnavais da Beija-Flor que sempre me lembro:

1. O mundo é uma bola - debaixo de chuva torrencial, Sambódromo cheio dágua (literalmente) e a escola deu um show!

2. Margareth Mee - que visual chique!!!

3. Aurora do povo brasileiro - Um samba fantástico e uma comissão de frente das melhores qeu já vi!...um desfile muuuito bem plenejado e executado!

4. A saga de Agotime - me arrepiei várias vezes assisntindo àquele deslumbramento...


Curiosamente não falei de nenhum título da escola...rsrsrs...



Saudações imperianas.

Yes, nós temos Mangueira!


A cultura de um povo deve ser sempre muito valorizada. Por isso, independente de gostares, de torcidas, de gostos cromáticos, há de se respeitar a Estação Primeira de Mangueira. Usando seus versos de uns anos atrás, ela simboliza o samba, é união de gente bamba, onde desabrocham tantas flores! A velha Manga já nos brindou com fabulosos desfiles, fabolosos enredos... Pena que nem todo bom enredo resultou um grande desfile... Os doces bárbaros, Chco Buarque, Dom Obá, As rendeiras do universo, Chiquinha Gonzaga, Drummond, Caymmi...sua própria história... Uma escola que nos deu Cartola, Nelson Sargento, Nelson Cavaquinho e que abraçou Chico, Alcione, Bete Carvalho não é pouca coisa. Uma velha guarda que impõe respeito. Só lamento quealguns novos diretores tenham desvirtuado e sujado esses louvores!...MAs isso não me interessa... Estou a qui para render minha homenagem a esta brilhante agremiação, uma Escola de Samba na essência da expressão...
E para isso, me recordo do primeiro ano de Passarela do Samba...
Yes, nós temos Braguinha!!!!
Um samba lindo!...um desfile impecável...DOIS TÍTULOS em um ano!!!...Campeã e Supercampeã!...O homenageado feliz ao ver sua vida e obra cantada (foto)... E o grande final: o desfile de volta!...a Escola chegou à praça da Apoteose (naquela época as escolas tinham que evoluir na praça, que não tinha cadeiras!!!)...deu seu show e, não satisfeita, retornoi pela passarela cantando seu hino de louvor a um gigante de nossa cultura. Braguinha mereceu!...Nós agradecemos...
YES, NÓS TEMOS BRAGUINHA
Vem...Ouvir de novo o meu cantar (sobre a Mangueira)
Vem ouvir as pastorinhas
A luz de um pássaro cantor
Yes nós temos braguinha
Bela época
Quando o poeta floresceu
Oh! meu rio
Então cantando amanheceu
Num fim de semana em Paquetá
Ouvi Carinhoso, amei ao luar
Laura... que não sai da minha mente
Morena a saudade mata a gente (bis)
Hoje tem fogueira
Viva são joão
Mané fogueteiro
Vai soltar balão
Carnaval!
O povo vibra de alegria
Ao cantar a tua poesia
Será que hoje tudo já mudou
Onde andará o arlequim tão sonhador?
Chora pierrô, chora
Se a tua colombina foi embora
Canta!
A mulata é a tal
Salve a lourinha
Dos olhos claros de cristal
É no balancê-balancê,
Eu quero ver balançar
É no balanço que a Mangueira vai passar (bis)
Saudações imperianas...